BELA MEGALE
Com alguma dificuldade, o presidente Jair Bolsonaro vinha tentando manter um tom mais ameno em relação ao Supremo Tribunal Federal (STF) e seus ministros. Desde a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, no ano passado, Bolsonaro passou a ceder a apelos de “bombeiros” do governo e baixou o tom de ataques ao Supremo. Aliados do presidente avaliam, no entanto, que a divulgação do áudio de Bolsonaro pelo senador Jorge Kajuru coloca fim à fase “paz e amor” que o chefe do Executivo tentou colocar em prática em relação à corte.
Além disso, nomes que costumavam atuar como bombeiros nas crises entre o presidente e o Judiciário, como o ex-ministro do Defesa, Fernando Azevedo e Silva e o ex-advogado-geral da União José Levi, estão fora do governo. Outros, como o atual AGU, André Mendonça, estão com as pontes queimadas no tribunal.
Na conversa divulgada ontem por Kajuru em suas redes sociais, Bolsonaro sugeriu ao parlamentar que entre com pedidos de impeachment contra ministros do STF. O presidente também sugeriu ao senador que a abertura desses processos teria o poder de segurar a CPI da Pandemia.
Para parte dos ministros do STF, o áudio foi visto como uma estratégia frequentemente usada por Bolsonaro de “criar escândalos” para encobrir problemas de seu governo, em especial sobre a pandemia da Covid-19.
– Terá sempre um clima tenso com Bolsonaro. O presidente é tomado por teorias da conspiração. É intencional e faz parte da estratégia política dele fazer um escândalo para encobrir outro. – afirmou um ministro à coluna.
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