Sempre é hora de admitir o erro: passei a vida acreditando que, de eleição em eleição, os eleitores aprenderiam a separar os enganadores e, aos poucos, iriam reduzir seu número. Não seria questão ideológica: ficaria óbvio que, não importa o que o candidato prometesse, isso teria de estar a seu alcance.
Bobagem: nesta eleição, temos candidatos a prefeito propondo medidas que não estão ao alcance das prefeituras, e só poderiam ser realizadas pelo Governo Federal, ouvido o Banco Central. Em compensação, aquilo que é da competência das prefeituras, como cuidar dos problemas da cidade, está sendo solenemente esquecido. Coisas básicas, como garantir as verbas de manutenção para as obras municipais – quem, em que cidade, ousou propor?
Mas, com dezenas de partidos e bilhões de reais em dinheiro público para financiar as campanhas, os candidatos a vereador transformam os colegas preceituáveis em estadistas. Há candidatos que se orgulham de ser donos de prostíbulos, ou de ter sobrenomes, reais ou não, que evocam aquilo que têm dentro da cabeça, ou que, lembrando atividades que desempenharam ou desempenham, ameaçam o eleitor com um “vote em mim senão eu conto”.
Uma pena: aquela que deveria ser uma festa democrática virou proibidão e, se há algo que ensina, é a tratar como piada a escolha dos dirigentes das cidades. Claro que em seguida todos vão criticar as atitudes e as despesas dos vereadores e a incompetência do prefeito que elegeram. Como sair disso?
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