26/12/2021

Há tempos o jornalismo virou máquina de militância esquerdista.

Eu jamais assistiria à Globonews ou leria a Folha de S.Paulo se tal tarefa hercúlea não fizesse parte do meu trabalho. Já tenho coisas demais para torrar a minha paciência, e escutar um Guga Chacra ou um Marcelo Lins não é recomendável para quem tem pavio curto – e também para quem busca ser inteligente. Mas são os ossos do ofício, e apesar de tudo, o jornalismo é a minha vocação, a minha grande paixão.

Pois bem, estava acompanhando a cobertura – por cobertura entendam torcida ideológica da esquerda – das eleições chilenas feita pela Globonews. Acabei por presenciar algo que fala por si: acima da legenda que apresentava a pauta, havia algo do tipo ‘’esquerda x extrema direita’’. Ou seja, para o jornalismo global a disputa chilena era entre uma corrente política aceitável e outra em uma versão extremista, com consequências muito óbvias de compreensão para o telespectador mais desavisado.

A matéria do G1 traz a informação de que Gabriel Boric – o candidato esquerdista – concorre em uma coalizão com o Partido Comunista Chileno. Se isso não é motivo suficiente para classificá-lo como um político de extrema esquerda, eu sou o sr. Boric em pessoa. A dúvida que fica é o motivo pelo qual tal adjetivo deixou de ser aplicado a ele: mau-caratismo ou burrice genuína. No caso da nossa belíssima grande mídia, o mais provável é um misto de doses cavalares das duas coisas.

Há tempos o jornalismo virou máquina de militância esquerdista. A probabilidade de alguma notícia, pauta ou fato que desagrade aos sacrossantos escopos revolucionários ser veiculado na grande mídia é praticamente zero, e quando acontece, sobra para o jornalista que cometeu a heresia de fazê-lo – como foi o caso de Luís Ernesto Lacombe ao tratar do conservadorismo em seu programa na Band e por tal atitude foi demitido. Existia algum traço de imparcialidade até a eleição americana de 2016, quando a antipatia contra Donald Trump desnudou as paixões ideológicas do petit comité dos Gugas Chacras.

Por isso mesmo não é surpresa alguma a classificação de José Antonio Kast como candidato de ‘’extrema direita’’. Ao rotulá-lo como extremista, a imprensa pratica a boa e velha espiral do silêncio: com tal emblema negativo, as pessoas sentem vergonha em verbalizar alguma simpatia por Kast, logo elas não irão publicizar tal opinião, tornando-a marginal e estabelecendo a visão negativa como consenso inquestionável. A esquerda utiliza a espiral do silêncio em todos os temas de seu interesse com o objetivo único de impor a sua agenda como regra moral a ser seguida por todos. É o poder onipresente e invisível de um imperativo categórico que falava Antonio Gramsci.

O sr. Marcelo Lins, que também trabalha na Globonews, questionou o porquê do setor privado chileno não ter um posicionamento contrário a Kast pelo fato do candidato ter minimizado a ditadura de Augusto Pinochet. Pois bem, Boric é um aliado dos comunistas chilenos, que são partidários do totalitarismo mais cruel, desumano e assassino que o mundo teve o desprazer de conhecer. Mas nesse caso a democracia é negociável, não é mesmo? O esquerdismo mal disfarçado desses tipinhos é comovente.

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