O placar ficou em 16 a 10 a favor da PEC. O presidente da CCJ, Davi Alcolumbre (DEM-AP) fez votação simbólica mas, em seguida, o senador Alessandro Vieira pediu verificação. A expectativa é de que o texto vá ao plenário da Casa na quinta-feira (2).
Inicialmente, a ideia era que a PEC fosse a debate logo após a aprovação na CCJ. Mas, conforme o R7 apurou, os líderes do governo consideraram que o Senado está dividido e, nesta terça (30), o risco de a matéria não passar seria muito alto. O clima na CCJ foi um reflexo da dificuldade que a proposta enfrenta entre os parlamentares do Senado.
A sessão chegou a ser suspensa por mais de uma hora, para que os senadores debatessem o relatório de Bezerra e um substitutivo. O líder do governo pediu pressa na aprovação, e argumentou que, na região Nordeste, o número de dependentes de programas sociais do governo é maior do que o de pessoas trabalhando. Bezerra também mencionou o caso de pacientes desmaiando de fome na fila dos postos de Saúde em São Paulo.
“Temos pessoas passando fome na fila em São Paulo, que é o estado mais rico do Brasil. E a realidade no Norte, Nordeste e Centro Oeste é muito mais aguda”, argumentou Bezerra. Parte dos demais senadores, porém, argumentou que o pagamento do auxílio é importante e não está em questão, e sim, o formato como esse pagamento será feito e como abrir espaço fiscal para o governo.
O governo atrela a aprovação da PEC dos Precatórios ao pagamento do programa Auxílio Brasil, um Bolsa Família repaginado e, até agora, com data para acabar, dezembro de 2022. Segundo o ministro da Economia, com a aprovação da matéria, será possível incrementar o socorro aos mais pobres e pagar R$ 400 a 17 milhões de famílias.
Mudanças no relatório
Na segunda parte da sessão da CCJ, Bezerra apresentou as alterações propostas pelos parlamentares. Para uma das alterações, será preciso convencer o governo a garantir, no texto, que a utilização do espaço fiscal seja exclusiva para o pagamento do auxílio emergencial “que é unanimidade para todos os senadores”, destacou o relator.
Outra alteração importante foi garantir um escalonamento no pagamento dos precatórios de natureza alimentícia, pago para pessoas físicas. A prioridade será os de pequeno valor, chamados de RPV (Requisição de Pequeno Valor), de até R$ 66 mil, seguido pelos precatórios de valores maiores pagos aos beneficiários ou herdeiros que tenham mais de 60 anos ou portadores de deficiência física e, na sequência, os valores maiores mais que, por lei, ainda são considerados “de natureza alimentícia”.
“O precatório alimentício, que era uma preocupação do senador Antônio Anastasia [PSD-MG] e Rogério Carvalho (PT-SE), tenho a alegria de dizer que atendemos parcialmente na fixação do subteto que ficará definido que esses precatórios terão prioridade para pagamento, e estaremos pagando todos os precatórios de RPV, de pessoas com mais de 60 anos, portadores de necessidades especiais, e abrindo espaço no subteto para priorizar esses pagamentos”, argumentou.
A última alteração feita foi a retirada da dívida do Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério), de R$ 6,8 bilhões, do teto de gastos, assim como ocorreu com o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação). Ainda assim, as reclamações sobre o texto continuaram.
Críticas
O senador José Aníbal (PSDB-SP) chegou a pedir uma nova audiência pública. Mas, tanto Bezerra quanto o presidente da CCJ negaram e destacaram que o texto já passou por audiência e que, quando a PEC chegou ao senado, a expectativa inicial é que fosse direto para o plenário. Aníbal insistiu em mais tempo. “O governo tem R$ 9 bilhões disponíveis para pagar o auxílio de R$ 400 no mês de dezembro. Terá sim tempo suficiente para chegarmos a uma convergência", insistiu.
A senadora Simone Tebet (MDB-MS) e o líder do Podemos, Álvaro Dias (PR) foram mais duros. Ela chamou o texto de “calote” e destacou que é possível abrir espaço fiscal e, ao mesmo tempo, não rolar a dívida dos precatórios. Ela apontou que a mudança da regra afastará investidores e vai piorar a situação econômica do país, corroendo o poder de compra da população e, consequentemente, enfraquecendo os R$ 400 prometidos para o auxílio.
Dias foi na mesma linha. “O que o governo demonstra não é atender a demanda de pobreza. É um projeto eleitoreiro. É evidente que é dar com uma mão e tirar com a outra. Estamos abrindo caminho para maior deterioração das contas públicas, com reflexos imediatos na economia do país. Com maiores problemas sociais. A solução da crise não está na desarrumação das contas públicas do país”, avisou.
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