NOVA YORK - O Brasil não tem uma crise econômica, mas apenas política, disse hoje o empresário Abilio Diniz, presidente do conselho de administração da BRF. Em entrevista em Nova York, Diniz afirmou que o “Brasil está em liquidação”, porque a taxa de câmbio está “muito, muito alta”. Disse, ainda, que o dólar a R$ 4 “seria um exagero”, resultado das incertezas enfrentadas pelo país. Para o executivo, um câmbio a R$ 3,50 seria mais condizente com os fundamentos. Diniz participou de entrevista a jornalistas em Nova York no BRF Day. A empresa completa 15 anos de listagem na Bolsa de Nova York. Ele afirmou que o Brasil está num mau momento, mas que, assim que a situação política for resolvida, os problemas serão superados muito rapidamente. Com informações de O Globo.
“Todo mundo diz que o Brasil está em crise. Pode ser. Em toda a minha vida, eu cresci em crises”, afirmou o empresário, que comandou por muitos anos o Grupo Pão de Açúcar (GPA).
“Não há nenhuma crise econômica (no Brasil). Há apenas uma crise política”. O empresário destacou que viu o país em momentos muito piores do que o atual, como nos anos de 1980, citando a crise da dívida. Na época, lembrou, ele era membro do Conselho Monetário Nacional (CMN). “A minha confiança no Brasil é total”, disse Diniz, ressaltando que vê a situação atual como completamente diferente da dos anos 1980.
Hoje, o país tem US$ 370 bilhões em reservas, lembrou ele, repetindo que, uma vez superada a crise política, a situação econômica será superada. Nesse cenário, Diniz afirmou que o “Brasil está em liquidação”, dado o nível da taxa de câmbio, que ele classificou como “muito, muito alto”. Segundo ele, “o Brasil está muito barato”, sendo o momento para os investidores aproveitarem a situação.
Questionado sobre o nível justo para a taxa de câmbio, Diniz enfatizou a dificuldade em fazer essa estimativa, mas afirmou que, para ele, os fundamentos não justificam um dólar na casa de R$ 4, mesmo com uma inflação próxima a 10% no acumulado em 12 meses. “Acho que é um exagero, devido à incerteza”, disse Diniz. Para ele, um câmbio na casa de R$ 3,50, “um pouco mais, um pouco menos”, estaria mais adequado aos fundamentos da economia. “É no que eu acredito”.
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